OS OLHOS VERDES DE DHARANA 



A história que aqui relato é do tempo em que as mãos das pessoas não traziam o “M” desenhado na palma... Sabe aqueles vincos que se assemelham a um “M”? Pois, é. Não existiam. As mãos eram lisinhas, sem marcas, inclusive as da nossa personagem Dharana, a qual fará de você, querido leitor, uma pessoa feliz por ler tão maravilhoso acontecido!

A brisa vagava sem pressa a acariciar o rosto de Dharana que deitada na rede dos sonhos, sentia-se a fonte, aonde o arco-íris vinha matar a sede. 

Menina linda de cabelos tão negros quanto uma noite despida de luar, mas o que mais encantava na doce Dahrana eram os olhos. Enormes e de uma cor tão verde que a natureza sentia orgulho de ter suas roupagens, também nessa cor, mesmo diferenciada em vários tons e sobre-tons. Os olhos de Dharana refletiam a mata debruçada sobre o mar.

Assim vivia num paraíso de beleza e felicidade indo e vindo todos os dias, diria que várias vezes ao dia, puxando água da fonte cristalina, com seu baldinho de madeira talhada. Ao debruçar-se sobre a fonte, fitando a límpida água, certo dia, duas gotas sentiram o olhar de Dharana com tanta beleza, mas, tanta beleza, que se apaixonaram por aquele olhar, tão puro, tão meigo, tão doce...

As duas gotas d’água resolveram pedir ajuda para morar na fonte de lágrimas dos olhos de Dharana! Não suportando mais tanta ansiedade pediram à natureza que as colocasse lá, junto de tão encantadores olhos! Então..., a natureza Mãe atendeu ao pedido das gotas e no momento em que a linda menina colocou o balde na água, o vento soprou as duas, cada uma dentro de um dos olhos e lá ficaram elas, jurando nunca mais saírem, nunca rolarem, nunca brotarem , por mais que fosse a emoção. Amarraram-se a um laço de felicidade e pediram para não serem libertas, jamais.

A meiga criança cresceu e sempre deitava na rede dos sonhos, para dançar como a mais famosa bailarina do universo. 

Naquele dia, A menina das lágrimas apaixonadas por seus olhos verdes, pediu ao vento que a levasse em suas asas e a fizesse descer na Aurora Boreal. Junto ao balé de cores e movimentos sentiu-se em meio ao Lago dos Cisnes, e na mais perfeita evolução, pode ouvir tremer seu coração! Lágrimas rolaram em meio a mais serena emoção, mas as duas lágrimas, não caíram, não sentiram! Viu e sentiu a alegria do sorriso de uma criança, numa meiguice sem preço, admirou casais se respeitando, seguindo a rota do amor. Chorou ao ver a flor desabrochando, colorindo e perfumando. Nada, nada fazia as duas lágrimas virem seu rosto molhar!

O espetáculo acabou, as cortinas fecharam-se e Dharana voltou a sua real composição, e encontrou uma louca paixão... Logo virou amor e se consolidou como um dos mais fascinantes romances já proclamados! Mais convicto que o clássico amor entre Romeu e Julieta, pois este não acabou em tragédia e, nem assim, as duas lágrimas se revelaram, não querendo se separar do amor por elas dedicado aos olhos verdes de tão formosa menina!

O galante e apaixonado jovem se chamava Orfeu. Moço lindo! Cavalheiro, de olhos azuis e cabelos louros, mais brilhantes que a luz do sol na despedida da Aurora Boreal! Másculo, sábio e com muito, muito amor para dar a Dharana. Foi Fantástico o amar dos dois lindos jovens, até serem levados ao altar... E continuou tecido pela eternidade!

Com o badalar do relógio marcando a passagem dos dias e meses, uma semente germinou no seio da mais linda flor, agora esposa. Foi um sublime gestar coroado por cuidados e desvelos que só o verdadeiro amor concretiza.

Chegou então o dia do nascimento. Em meio a ansiedade da feliz espera e a emoção incontida viera a notícia:

- É uma linda menina!

Os olhos de Dharana marejaram. Sua filha veio para seus braços como um pequeno botão de flor. Aos prantos pegou as duas mãozinhas da menininha e colocou em seu rosto molhado de lágrimas. Assim que as duas palminhas tocaram seu rosto a felicidade explodiu, soltou os laços que seguravam as duas lágrimas apaixonadas e elas brotaram com tanta alegria e tão fortes que vincaram a letra “M” nas palminhas do Bebezinho! Desde então todos nascem com o “M” da palavra “mãe” gravados na palma da mão porque a Natureza não falha e se a emoção é de mãe para com seu filho, não há lágrima que não caia!



Elair Cabral





Imagem Google

https://utopiaerestu.wordpress.com/

Comentários