Poesia em canção

A pintar cena saudosa,
Nos versos dessa poesia,
Sinto-me muito vaidosa,
Por ter sido amorosa,
Mensageira da alegria.

Morava lá no sertão,
Retrato da natureza,
No pulsar do coração,
Beleza enobrece o chão,
Honestidade e certeza!

Trabalhava noite e dia,
Numa aquarela de cores,
Família forte e sadia,
Sem notar que a pele ardia,
Agendava meus valores.

Café na roça Levava,
Regado à gosto de amor,
Com a família tomava,
Depois na enxada pegava,
Pele salgada em suor.

A plantar fértil semente,
C’a máquina manual,
Téc, te, téc, veemente,
Num gestar tão docemente,
Passando à terra o aval.

O sol a hora apontava,
Forte raio abrasador,
Para a cabana voltava,
Então a lenha cortava,
Pra cozinhar com fervor!

Doía o corpo cansado,
De uma lida desumana,
Mas, o manto abençoado,
Cobria o viver sagrado,
Na casinha soberana.

Simplicidade era a rota,
Valorizando a amizade,
Na cachoeira, ou na grota,
Na fonte de onde a fé brota,
Jorrava sinceridade...

Hoje vivo na cidade,
Mas me perco na emoção,
Só restou nobre saudade,
Do que foi felicidade,
Resta poesia em canção.

Elair Cabral


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